De Psychology Today: “Committed: On Meaning and Madwomen – A Memoir”, de Suzanne Scanlon, publicado pela Vintage Books, examina a forma como três gerações tentaram diagnosticar e tratar aquilo a que cada uma delas chamou loucura. O livro revisita um capítulo chave na psiquiatria americana – o início da prescrição generalizada de SSRIs e antipsicóticos de segunda geração nos anos 80 e 90 – através da lente da experiência pessoal de Scanlon.
Chris Lane: Durante vários anos, se é que podemos começar por esse período difícil, viveu no Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova Iorque, no Upper West Side de Manhattan – um instituto central para a história do DSM [Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais] e para a expansão em grande escala do manual na altura. Para si, o que é mais importante que os leitores apreendam do tempo que lá passou?
Suzanne Scanlon: Quero que os leitores compreendam que tive um tratamento extremamente inadequado e problemático – que a recuperação do tratamento foi tão difícil como a recuperação da minha suposta doença. Houve médicos que me ajudaram a compreender o meu sofrimento e validaram a minha enorme dor. Ao mesmo tempo, a hospitalização ensinou-me que eu estava gravemente doente – que havia algo de quase irreparavelmente errado comigo. Espero mostrar no livro que há muitas formas de dar sentido ao sofrimento, à dor e à perda. A necessidade de recuperar do tratamento não deve ser parte da dificuldade.
. . . Também quero repensar a doença mental como uma posição estática – a noção de que é uma parte “central” de uma pessoa, talvez a sua essência. Eu reformulá-la-ia como “algo por que se está a passar” em vez de “isto é quem se é”. Que, digamos, age desta forma porque “é” borderline. É obviamente muito mais complicado do que isso, ligado à família, ao trauma, à negligência, às normas e à disfunção. Falemos da crise, aguda ou crónica, mas dentro desse contexto mais vasto”.