John Read trabalhou durante 20 anos como psicólogo clínico nos EUA e no Reino Unido tendo depois viajado para a Nova Zelândia para se tornar professor da Universidade de Auckland. Além dos vários livros publicados, é também editor da revista Psychosis. Publicou ainda mais de 150 artigos em revistas de investigação científica, principalmente sobre a relação entre acontecimentos adversos (por exemplo, abuso/negligência infantil, pobreza, etc.) e psicose. Outros dos seus temas de eleição são os efeitos negativos das explicações causais bio-genéticas sobre o estigma, o papel da indústria farmacêutica na saúde mental e a eficácia da Eletroconvulsoterapia (ECT). É, actualmente, professor na University of East London (Reino Unido), presidente do Institute for Psychiatric Drug Withdrawal e membro da direcção da Rede Ouvir Vozes de Inglaterra.
Depois da publicação, em 2010, do artigo “The effectiveness of electroconvulsive therapy: A literature review” em conjunto com Richard Bentall, Read está actualmente a trabalhar num questionário internacional com o objectivo de compreender a experiência das pessoas com a ECT e assim melhorar a informação fornecida a quem esta é proposta. A equipa de 6 investigadoras/es inclui ainda 3 pessoas que receberam ECT.
O questionário destina-se a qualquer adulto (18+) que tenha recebido ECT ou seus familiares e outras pessoas próximas. Profissionais não devem nem convidar os seus pacientes a preencher o inquérito nem preenchê-lo em nome deles. O questionário é online e demora entre 25 a 30 minutos a ser completado.
À data, das mais de 760 respostas de 33 países, não havia nenhuma de Portugal. A Nova Lei de Saúde Mental (Lei n.º 35/2023) veio retirar a necessidade de consentimento para aplicação de elecroconvulsivoterapia em pacientes “quando estas técnicas sejam medicamente prescritas, se revelem a melhor alternativa terapêutica e a prescrição seja confirmada por dois médicos psiquiatras além do médico prescritor”, medidas que, quem tenha estado sobre internamento ou tratamento compulsivo, sabe que são manifestamente ilusórias.
É urgente ampliar a voz das pessoas que receberam este tratamento para que possamos criar conhecimento que considere as opiniões e preferências de quem, realmente, o experimenta, no caminho para um cuidado cada vez menos autoritário, cada vez mais colaborativo.
Questionário: https://uelpsych.eu.qualtrics.com/jfe/form/SV_57KmQWiynXIhMNw